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Terra da Diversidade

Deficiente visual desenvolve sistemas de aprendizagem

15 mai 2012 - 17h59
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Marina Pita
Direto de São Paulo

Alan Ghelardi conhece bem as agruras por que passa um deficiente visual durante o processo ensino-aprendizagem. Para ele, deficiente visual desde os 14, dentre as deficiências que comprometem os sentidos, a baixa visão e a cegueira são as que mais prejudicam o processo de aprendizagem do indivíduo. Assim, desde que ingressou na universidade, ele participa de projeto para desenvolver sistemas acessíveis.

Segundo Ghelardi, a maior dificuldade de aprendizado dos deficientes visuais ocorre porque, além da pessoa ter que lidar com a falta de um sentido importantíssimo para a absorção das informações, nas salas de aula ela acaba se deparando com educadores acostumados a utilizar recursos visuais para transmitir o conhecimento. São professores que, em sua maioria, não receberam o preparo adequado para atender a uma pessoa com necessidades de aprendizagem diferentes.

Sua experiência, no entanto, mostrou que com boa vontade é possível superar as dificuldades e estruturar um modelo de educação inclusiva: "concluí o ensino fundamental e o ensino médio em um colégio sem qualquer experiência com pessoas cegas e obviamente, eu era o único aluno cego da turma. Porém, na época a instituição se demonstrou aberta a me acolher e me auxiliar no que eu precisasse. Logicamente que o apoio dos colegas, dos professores e sobretudo, da minha família foi fundamental para transpor as barreiras geradas pela falta de metodologias de ensino mais adequadas às minhas necessidades. Lembro-me, por exemplo, de que meus pais gravavam os materiais didáticos em áudio para que eu pudesse estudá-los", relata.

Com toda esta bagagem, Ghelardi que ingressou na graduação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) no ano passado, na modalidade à distância, logo se envolveu no projeto Laboratório de Objetos de Aprendizagem, coordenado por Joice Otsuca, que tem como objetivo o desenvolvimento de objetos interativos de aprendizagem baseados em tecnologias de código aberto.

"Minhas pesquisas estão relacionadas ao suporte de acessibilidade a tais objetos. Além disso, ainda como parte do projeto, estou desenvolvendo um player de media com foco em acessibilidade baseado em tecnologias como HTML5, CSS3, Java Script e WAI-ARIA para ser utilizado no ambiente virtual de aprendizagem da universidade". Ele explica: "a motivação para esse projeto do player foram os problemas de acessibilidade que geralmente ocorrem em players de media baseados em tecnologia Flash".

A pesquisa de Ghelardi rendeu uma bolsa de estudos, que o ajuda financeiramente. "Penso que a bolsa de extensão é um bom auxílio como motivação a um trabalho que, em última análise, visa gerar benefícios a estudantes, com deficiência visual ou não, em seu processo de aprendizagem e por conseguinte, a sociedade como um todo".

Ghelardi participa de projeto para desenvolver sistemas acessíveis
Ghelardi participa de projeto para desenvolver sistemas acessíveis
Foto: Divulgação
Fonte: Especial para Terra
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