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Rio+20 chega ao fim recheada de elogios e críticas

22 jun 2012 - 21h37
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Decepção. Para muitos, em especial organizações ambientais e líderes internacionais, esse é o resumo da Rio+20. Por outro lado, os representantes do governo brasileiro já afirmam ter considerado um sucesso. No meio desse fogo cruzado, a ONU e um texto cheio de promessas de erradicar a pobreza sem prejudicar a natureza, mas poucas metas.

Hillary: a Rio+20 é exemplo de uma nova forma de pensar:

A Convenção das Nações Unidas para a Desenvolvimento Sustentável parou o Rio de Janeiro. Cerca de 20 mil homens comandados pelo Exército patrulhavam as ruas, o ar e o mar. O espaço aéreo foi limitado e o trânsito foi modificado para a Rio+20. Nas mesas de discussão, a coisa parecia menos organizada - ou pelo menos, com menos objetivo. Para o diretor do Centro de Informações da ONU para o Brasil, Giancarlo Summa, apesar de ter passado por outras discussões anteriormente, somente 25% do documento a ser discutido estava pronto quando chegou à conferência.

E essa falta de decisão foi refletida no evento. Os cerca de 190 países representados deveriam chegar a um consenso entre os dias 13 e 15 de junho, uma sexta-feira. Mas a negociação entrou fim de semana adentro. Foi somente na madrugada de terça-feira que ocorreu o anúncio de acordo no texto base.

Com o acordo, vieram as críticas. Com tantos dias de discussão, muitos pontos importantes ficaram de fora e viraram alvo de críticas. Um fundo proposto pelos países em desenvolvimento, por exemplo, foi apagado do texto . Outro ponto, que defendia o direito da mulher à reprodução, foi retirado por pressão do vaticano - já que poderia ser interpretado como apoio ao aborto. As críticas, para a retirada dessa proposta, vieram da ex-presidente chilena Michelle Bachellet e da secretária de Estado americana Hillary Clinton. Mas esses foram apenas alguns dos trechos retirados para que se chegasse a um consenso. O texto final foi alvo de críticas muito mais duras de ONGs. A Amigos da Terra chamou de "atentado" e o Greenpeace classificou o texto da Rio+20 de "tapa na cara", entre outras manifestações. Nas ruas, muitos protestos.

Mas ainda havia tempo para mudar. Os três últimos dias de conferência, incluindo esta sexta-feira, reuniriam os chefes de Estado e de governo para discutir o documento. Cada representante que subia ao palco prometia desenvolvimento sustentável, respeito ao ambiente, diminuir as emissões de CO2 e mais. Alguns ainda faziam críticas ao texto acordado.

Por outro lado, o governo brasileiro, anfitrião e líder das negociações, e a ONU defendiam o documento, o que dividiu as opiniões em torno do acordo. O ministro Antonio Patriota disse que a conquista foi o consenso em torno do tema. A presidente Dilma Rousseff disse que o texto é apenas o começo.O exemplo das opiniões sobre o documento da Rio+20 é o secretário-geral da ONU. Ele reclamou que o texto aprovado previamente e mostrado na terça-feira era pouco ambicioso. Mas, por pressão da presidente Dilma, Ban Ki-moon voltou atrás e defendeu o documento. Após o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, passar o recado de que Dilma estava descontente com a posição, o sul-coreano mudou o discurso e afirmou que tivemos "um grande sucesso".

Nesta noite, os críticos do documento viram suas poucas esperanças acabarem de vez. O documento foi aprovado pela Cúpula de chefes de Estado (veja o texto no link www.uncsd2012.org/thefuturewewant.html, em inglês, espanhol, francês, russo, chinês ou árabe). Falta saber se a salva de palmas dos secretários, ministros, premiês, presidentes e até reis que fechou esses 10 dias de discussões e protestos foi merecida.

Sobre a Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro voltou a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu na cidade de 13 a 22 de junho, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Nesta sexta, o Segmento de Alto Nível faz sua última plenária e encerrou a Rio+20 com a aprovação do texto por diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Fonte: Terra
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