Rio+20: crianças lideram protestos no último dia de conferência
- Sabrina Bevilacqua
- Direto do Rio de Janeiro
As crianças mostraram que têm voz e deram o tom das manifestações no Riocentro durante o último dia de Rio+20. "As pessoas e empresas não podem continuar destruindo o planeta, acabando com a água e criando buracos no nosso futuro. Esse não é o futuro que eu e milhares de outras crianças queremos", reivindicou a canadense Ta'kaiya Blaney de apenas 11 anos.
"As pessoas não enxergam a natureza como vida, enxergam como dinheiro e esquecem que está tudo conectado", completou Ta'Kaiya. Ela se diz consciente de que todo desenvolvimento tem um preço. Por isso, luta pelo futuro do planeta desde os seis anos de idade e aconselha todos a fazerem o mesmo. "Todo mundo tem voz e não deve ter medo de dizer o que pensa".
Depois de cantar um rap que pedia mais atenção ao meio ambiente, os irmãos americanos Xiuhtezcatl Martinez, de 12 anos, e Hzcnontli Martinez, de nove anos, pediram para que as novas gerações começassem a ser realmente ouvidas. "O nosso futuro é mais importante do que qualquer outra coisa. Os governos têm de colocar isso na frente de qualquer lucro", criticou Xiuhtezcatl. Ele finalizou o discurso mandando uma mensagem para as autoridades que participaram da Rio+20: "não podemos continuar indo a esses encontros e continuar cometendo os mesmos erros. Temos de mudar".
Sobre a Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro voltou a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que termina hoje, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Nesta sexta, o Segmento de Alto Nível faz sua última plenária e encerra a Rio+20 com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas. Em um dos discursos mais esperados, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, defendeu os direitos reprodutivos das mulheres e uma economia de inclusão como garantia de prosperidade.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.
