PUBLICIDADE

ONG chama documento da Rio+20 de 'atentado aos povos'

21 jun 2012 - 23h02
(atualizado às 23h03)
Compartilhar

Na avaliação da organização Amigos da Terra Internacional, uma das maiores organizações ambientalistas de base do mundo, o documento oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, é "um atentado aos povos, porque é um documento vazio, sem alma e sem compromissos concretos com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável".

Na quarta-feira Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz em 2006 por seu trabalho diante do chamado "Banco dos Pobres", fez uma visita ao local
Na quarta-feira Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz em 2006 por seu trabalho diante do chamado "Banco dos Pobres", fez uma visita ao local
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Da Eco92 à Rio+20: o que mudou em 20 anos

Veja as transformações causadas pelo aquecimento global

A opinião foi manifestada à Agência Brasil pela ativista da organização, Lúcia Ortiz, ao participar hoje da plenária que definirá, amanhã, a síntese do documento com os cinco temas das principais plenárias que ocorrerão no Aterro do Flamengo, que sedia a Cúpula dos Povos - evento paralelo à Rio+20.

Na avaliação de Lúcia Ortiz, é gritante a falta de compromisso dos chefes de Estado e de governo para com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável "em um momento em que se necessita, de fato, de medidas urgentes para que os governos possam prevenir e mudar os rumos que a humanidade está tomando".

Segundo ela, há toda uma preocupação com a questão da promoção da justiça climática, da perda da biodiversidade e da contaminação dos oceanos. "O que a gente vê é a elaboração de um documento que ainda abre portas para a mercantilização dos bens comuns, sejam eles o ar, a biodiversidade e a água, ou mesmo a comunicação ou as diversidades culturais, que também estão sendo mercantilizadas em um processo onde a política está sendo substituída pela 'financeirização'".

No entendimento da ativista, mesmo com o texto não explicitando tanto quanto esperavam os países industrializados e as grandes corporações o sentido da promoção de "uma falsa economia verde", ainda assim, ficou claro que "mais importante que uma decisão sobre o meio ambiente na Rio+20 foi a indicação do grupo do G20 (formado pelas maiores economias mundiais) e dos poderosos, de que continuarão a fazer empréstimos para salvar os bancos europeus e a gerar para esses bancos em crise novas oportunidades de negócios, que se traduzirão em especulação, em novas bolhas financeiras - como seria a bolha da economia verde".

Lúcia Ortiz ressaltou que os participantes da Cúpula dos Povos têm plena consciência de que, em parte, "derrotaram os poderosos ao enfraquecer a agenda da economia verde e mudar a correlação de forças, ao chamar a atenção para a necessidade de que a voz povo venha a ser escutada, e não só a das grandes corporações".

Sobre a Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Até amanhã, ocorre no Riocentro o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Agência Brasil Agência Brasil
Compartilhar
Publicidade