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Bachelet critica pressão religiosa e defende direito de reprodução

21 jun 2012 - 14h52
(atualizado às 16h18)
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André Naddeo
Direto do Rio de Janeiro

No comando da ONU Mulher e anfitriã da 1ª Cúpula de Mulheres Chefes de Estado e de governo da ONU, dentro da Rio+20, ocorrida na manhã desta quinta-feira, a chilena Michelle Bachellet, primeira mulher presidente de um país da América do Sul, afirmou que é preciso "um documento que garanta os direitos de reprodução das mulheres. Não podemos retroceder. Não sabemos o mundo de amanhã. Queremos ações mais fortes".

Primeira presidente de um País na América do Sul, chilena Michelle Bachelet falou na Rio 20 sobre os direitos das mulheres
Primeira presidente de um País na América do Sul, chilena Michelle Bachelet falou na Rio 20 sobre os direitos das mulheres
Foto: AFP

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O discurso no plenário do Riocentro foi uma clara crítica ao texto final da Rio+20, que retirou o termo "direitos reprodutivos" da discussão entre os chefes de Estado, por pressão do Vaticano, para que não houvesse a possibilidade de referência ao aborto, já que o tema trata da autonomia da mulher em planejar o momento certo de ter filhos.

Junto da presidente da República, Dilma Rousseff, dentre outras chefes de governo, como a presidente da Costa Rica, Laura Miranda, da Lituânia, Dalia Grybauskaité, e das primeiras ministras da Jamaica, Portia Simpson, e da Austrália, Julia Gillard, Bachelet conseguiu o consenso de incluir o termo no documento à parte da Rio+20, que consolida os direitos das mulheres após as convenções da ONU em Pequim, em 1995, e no Cairo, ano passado.

"Sempre vamos querer mais. Naturalmente, existem posições distintas dentro do documento que assinamos aqui, e o da Rio+20", respondeu Bachelet ao questionamento da reportagem do Terra se a ausência dos direitos de reprodução representam uma lacuna no texto final da Rio+20. "Nós pensamos que é preciso assegurar todos os direitos das mulheres, que não podemos dividi-la por partes, somos completinhas", brincou.

Intitulado "Chamado à Ação", o texto redigido pelo encontro O Futuro que as Mulheres Querem, ao contrário do texto base da convenção pelo desenvolvimento sustentável da ONU, deixa claro a necessidade de se "tomar medidas urgentes para garantir o gozo pleno de todos os direitos humanos, e as liberdades fundamentais da mulher, incluindo o direito reprodutivo sexual e à saúde reprodutiva".

Diante de faixas de protesto de alguns manifestantes presentes na plenária, Dilma Rousseff, antes do encerramento da solenidade, pediu a palavra para admitir que houve um recuo no que se refere à questão dos direitos reprodutivos. Salientando o multilateralismo "como uma característica da Rio+20", a presidente argumentou que "nem todas as posições das senhoras estão lá (no texto), mas há que se respeitar a diversidade".

Sobre a Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Até amanhã, ocorre no Riocentro o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Fonte: Terra
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