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Rafael Correa: devemos salvar o ambiente, e não o mercado financeiro

21 jun 2012 - 12h13
(atualizado às 14h19)
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Angela Chagas
Direto do Rio de Janeiro

Presidente do Equador, Rafael Correa disse que as nações ricas precisam mudar o foco de suas ações
Presidente do Equador, Rafael Correa disse que as nações ricas precisam mudar o foco de suas ações
Foto: AP

Ao criticar a utilização da crise econômica como uma "desculpa" para não se investir na proteção ambiental, o presidente equatoriano Rafael Correa disse nesta quinta-feira que as nações ricas precisam mudar o foco de suas ações. "Não devemos pensar em salvar o sistema financeiro, e sim o meio ambiente. Todos aqui sabem o diagnóstico para o problema, a questão é política. Quem polui, quem degrada, não faz esforço para mudar", disse durante plenária com os chefes de Estado na Rio+20.

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"Imagine se existisse uma selva amazônica nos países ricos e nós, os pobres, consumíssemos os recursos dela. Com certeza já eles já teriam exigido compensações", disse ao defender que o conceito da Eco92 de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, precisa ser efetivamente cumprido. "Eles poluem mais, degredam mais, mas a conta cai sempre sobre os pobres", afirmou ao arrancar aplausos na plateia.

Ao lembrar o discurso de uma adolescente neozelandesa na abertura do evento, ontem, Correa criticou a ausência de líderes das principais nações ricas. "No grupo dos 20 mais ricos, 80% não veio a essa conferência. Para eles não é importante e continuará não sendo enquanto não se mudar as relações de poder". O equatoriano disse ainda que espera que ocorra uma "sensibilização" dos governantes. "A esperança é que esses próprios cidadãos do norte, que vivem em função do capital, percebam essa necessidade. Os indignados do mundo ainda têm esperança em uma nova forma de poder".

Ele também aproveitou para criticar o documento final da Rio+20, que não contemplou a criação de uma declaração universal do direito da natureza, como defendia o Equador. "Pela nossa iniciativa, teríamos um tribunal internacional que obrigasse todos a cumprir os direitos da natureza. Seria uma enorme mudança para o bem-estar do planeta", destacou.

O presidente mostrou um gráfico para exemplificar a diferença no percentual de emissões de CO2 de nações pobres como o Equador, de ricas como os Estados Unidos. "Com o excesso de consumo dos ricos, quem sofre são os pobres. Essa é uma das maiores injustiças do planeta", completou.

Sobre a Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Até amanhã, ocorre no Riocentro o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

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Fonte: Terra
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