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Crise econômica afetou texto final da Rio+20, diz embaixador

19 jun 2012 - 16h39
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Angela Chagas
Direto do Rio de Janeiro

O embaixador Luiz Alberto Figueiredo confirmou na tarde desta terça-feira que a crise financeira afetou a definição de propostas mais ambiciosas no documento da Rio+20, finalizado hoje após três dias de negociações lideradas pelo Brasil. "A crise que se abate com mais força sobre os países do norte certamente influenciou a Rio+20. Provocou a retração desses países em áreas importantes, que tem a ver com a solidariedade e a cooperação", disse ao se referir ao financiamento ao desenvolvimento sustentável.

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Para atender aos interesses dessas nações, foram excluídos detalhes sobre repasses financeiros, a imposição de cifras e a criação do fundo para o desenvolvimento sustentável. O Brasil e vários países em desenvolvimento defendiam a criação do fundo anual de US$ 30 bilhões, a partir de 2013, e que alcançaria US$ 100 bilhões, em 2018, o que foi rejeitado pelos países ricos.

No entanto, o embaixador destacou que foi mantido um princípio fundamental da Eco92, a conferência sobre meio ambiente realizada há 20 anos no Rio de Janeiro. De acordo com o documento final, os países continuam com responsabilidades comuns, mas diferenciadas. "Essa é uma questão absolutamente chave nas discussões porque havia relutância de vários lados. Uns não queriam ser cobrados e outros não queriam perder a conquista de 1992", afirmou ao reconhecer que, sem estabelecer cifras, foi possível garantir a manutenção de investimentos maiores pelas nações desenvolvidas.

O chefe das negociações brasileiras ainda respondeu a críticas de que o documento final adia o prazo para a definição de metas concretas para os próximos anos, o que deveria ser feito por meio dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). "O estabelecimento de metas não é uma decisão que se tome sem apoio científico. Por isso acho natural que se tenha um processo, não é uma decisão somente politica", afirmou ao destacar que os objetivos devem ser formulados até 2015.

O documento final tem 49 páginas, uma a menos que o texto anterior concluído no sábado. Inicialmente, o material chegou a ter 200 páginas. As propostas ainda devem ser referendadas pelos chefes de Estado e de governo, que se reúnem no Rio de Janeiro a partir de quarta-feira.

Sobre a Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento se prepara para ingressar na etapa definitiva. De quarta até sexta, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Rio+20 com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

vc repórter

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A instalação foi criada pelo conselho ético World Future Council (WFC)
A instalação foi criada pelo conselho ético World Future Council (WFC)
Foto: Terra / Reuters

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Fonte: Terra
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