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Financiamento ainda emperra texto final da Rio+20, diz embaixador

17 jun 2012 - 19h51
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Angela Chagas
Direto do Rio de Janeiro

Apesar de demonstrar otimismo com a conclusão do texto final da Rio+20, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo confirmou neste domingo que os meios de implementação - principalmente o financiamento aos países mais pobres - continua sendo o maior entrave no documento que traça as metas do desenvolvimento para os próximos 20 anos. "Os países doadores ainda têm dificuldade de se comprometer com cifras e até de reafirmar compromissos já assumidos. Mas já estamos convergindo', minimizou o chefe das negociações.

O embaixador brasileiro acredita que até a noite de segunda-feira o documento de 50 páginas será finalizado. "Hoje revisamos cerca de 50 parágrafos, sendo que 30 ainda não haviam sido acordados. Após muito diálogo, persistem dificuldades em não mais do que cinco. Ou seja, o texto que nós apresentamos é oriundo da negociação e é um texto equilibrado", disse. Por ser o país-sede da conferência, o Brasil assumiu o comando nas negociações no sábado, após o encerramento da reunião do Comitê Preparatório.

Figueiredo ainda comentou as críticas de setores da sociedade civil, que ontem haviam classificado o documento de fraco. Segundo o embaixador, o texto não apenas impede o retrocesso, como avança em pontos importantes. Ele citou como exemplo o consenso em torno dos objetivos do desenvolvimento sustentável. "É uma mudança não apenas em conceitos, mas no modo de agir. Claro que ainda precisamos de mais ambição em termos de recursos para implementação, mas estamos chegando lá."

Figueiredo também destacou avanços no ponto que trata dos oceanos e disse que espera consenso com todos os países, inclusive com os Estados Unidos, um dos maiores opositores das propostas. Ele afirmou também que o documento final tratará do fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), sem excluir a possibilidade futura de o órgão ser elevado ao posto de agência especial da ONU, como defendiam algumas nações.

Ao destacar que não usa de lábia para convencer os colegas, mas de muito diálogo, o negociador ressaltou que não cabe aos chefes de Estado e de governo, que iniciam suas reuniões na quarta-feira, discutir o texto final. "Eles virão ao Rio para fazer encontros bilaterais, apresentar discursos políticos, e não para discutir textos que os burocratas prepararam", completou. As consultas comandadas pelo Brasil continuam nesta noite e devem ser finalizadas amanhã.

Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Fonte: Terra
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