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Para economistas, PIB não deve ser único indicador de desenvolvimento

16 jun 2012 - 19h40
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Cirilo Junior
Direto do Rio de Janeiro

Ciclistas passam em frente a cartaz com protesto de ONG Rio da Paz
Ciclistas passam em frente a cartaz com protesto de ONG Rio da Paz
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Em meio a debates sobre a importância do papel do desenvolvimento sustentável no novo cenário econômico que se vislumbra para o mundo, economistas apontaram que o Produto Interno Bruto (PIB) deve deixar de ser o principal medidor do desenvolvimento de cada país. A ideia foi levantada pela professora da Universidade do Texas, Kate Raworth, que arrancou aplausos da plateia da Rio+20 ao defender um fundo mundial de pobreza.

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O PIB é o indicador que mede a soma das riquezas de um país, com base em indicadores de investimento, consumo interno e atividade da indústria, comércio e agropecuária. "Não queremos ser orientados pelo aumento do PIB, temos prioridade, bem estar, muitas coisas mais importantes. Não precisamos apenas de crescimento, precisamos de desenvolvimento. Daí, estaremos no trilho certo. Temos que colocar metas de desenvolvimento sustentável", afirmou a economista, durante um dos painéis da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que debate a questão do desenvolvimento sustentável no mundo

A proposta de que o PIB não seja o norte para se verificar o crescimento de um país foi prontamente apoiada por Laurence Tubiana, fundadora do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais de Paris. Para ela, o mundo precisa de uma nova visão, e o desenvolvimento sustentável pode ser uma das saídas para a atual crise. "O desenvolvimento sustentável pode ajudar a definir um novo conceito de prosperidade. Precisamos de mais igualdade. A desigualdade se deve ao modelo econômico global. A igualdade precisa ser ponto central na nova visão", pontuou.

Kate apontou o debate para a questão da pobreza, ao elogiar os programas sociais que o Brasil vem desenvolvendo, como o Bolsa-Família. Para ela, o mundo tem muito a aprender com o País. A economista aproveitou e sugeriu a instituição de um piso universal de proteção, que garantiria a todos acesso a alimentos como mecanismo de sobrevivência básica.

Para Kate, os governos podem exercer o papel de canalizadores de recursos para o meio ambiente, deslocando a taxação de combustíveis fósseis para atividades que fomentem o desenvolvimento sustentável. Assinalando a grande desigualdade em todo o mundo, apelou aos negociadores dos países que olhem para a necessidade de que recursos naturais terão que ser garantidos para as gerações futuras.

"Muitos países estão nas mãos da crise. Daqui a 50 anos não vão ter que se lembrar da geração por causa disso, e sim porque novos caminhos foram apontados. Temos que ter impostos que vão beneficiar maio ambiente e proteger pobres. Os governos podem fazer isso, arrumar os recursos. As empresas estão esperando", observou.

Até mesmo o modo como os acadêmicos veem o desenvolvimento sustentável não escapou do olhar crítico de Kate. Ela propôs que os livros de economia sejam reescritos, e abordem de perto o meio ambiente. "Estudei quatro anos de economia e jamais se tocou em meio ambiente. Atualmente, se fala, mas sempre algo eletivo, sem importância. A economia não flui livremente, ela usa recursos naturais e joga poluição para o ambiente. Temos que ensinar diferente aos novos líderes. Qualquer um que começar hoje vai ver o mesmo diagrama que vi", afirmou.

Sobre a Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

vc repórter

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Fonte: Especial para Terra
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