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Antropóloga búlgara transforma pão em terapia e programa social

15 jun 2012 - 18h35
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

A cena de Jesus Cristo dividindo o pão com seus apóstolos ficou na história como um símbolo de solidariedade. Mas tem gente que consegue enxergar no alimento mais do que isso. A antropóloga da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, Nadezhda Savova, por exemplo, transformou-o em questão social e até terapêutica. Ela criou um projeto que é utilizado de diferentes formas por 12 países. Basicamente, consiste em fazer pão em grupo.

O governo brasileiro é o maior financiador do evento, com US$ 5 milhões
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Foto: Daniel Ramalho / Terra

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"O projeto começou com minha pesquisa sobre tradições de comida do mundo, sobretudo o pão. Eu queria saber como preservar as tradições e a importância delas. Me dei conta que fazer o pão era uma oportunidade onde várias pessoas poderiam se juntar. Comecei na pequena cidade de Gabrova, na Bulgária, na minha própria casa. Passei a ter 40, 50 pessoas por noite, muitos com deficiência física e mental, ricos, pobres e pessoas de rua", conta Savova.

Dividir o pão é um sinal de solidariedade, aprender a fazê-lo em meio a um grupo de amigos é uma forma de inclusão e, a antropóloga descobriu depois, de terapia. "É um modelo muito bom porque une as pessoas e faz elas se sentirem em casa. Viajei pelo mundo e a partir dessa iniciativa se desenvolveram muitos outros programas sociais", explica Savova. "Na Rússia e no Peru, temos o programa em hospitais. Os médicos fazem o pão junto com os pacientes e muda totalmente a relação entre eles, além de fazer o paciente se sentir melhor no ambiente de um hospital. É muito terapêutico, chamamos de pãoterapia". Savova conta que chegou até a trabalhar com Patch Adams, o exemplar fundador da terapia do riso que chegou a ser tema de um filme de Hollywood.

Em cada lugar do mundo, o pão é feito de uma forma - com trigo, milho, batata e até arroz ¿, mas Savova explica que a recepção ao projeto é sempre a mesma. "É muito interessante, porque o pão pode ser feito de diferentes ingredientes, mas o contato com a massa é tão agradável que é universal o prazer das pessoas em trabalhar com ela. Para eles, é quase um milagre ver o processo da farinha até o pão.¿

Convidada para apresentar o projeto na Cúpula dos Povos, evento paralelo que questiona as discussões da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Savova pretende transformar uma faixa de grama do Aterro do Flamengo em fábrica de pães na próxima quarta-feira à tarde. Ela não tem dúvida de que a recepção à ideia será semelhante a que já tem pelo mundo. "É uma questão muito sustentável porque muda a maneira como as pessoas pensam a comida. E no final é ótimo porque todo mundo fica feliz em comer e sentir aquele cheiro maravilhoso de pão quentinho."

Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Fonte: Especial para Terra
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