PUBLICIDADE

Em 1 ano, ciclista belga cruza 7 países para chegar à Rio+20

15 jun 2012 - 16h54
(atualizado às 17h26)
Compartilhar
André Naddeo
Direto do Rio de Janeiro

Aos 24 anos, Maud Bailly terminou o curso de políticas públicas numa universidade de Bruxelas e começou a traçar o plano para realizar "meu sonho de criança de dar a volta ao mundo". Trabalhou por três anos numa ONG francesa, tempo suficiente para juntar o dinheiro necessário para a sua empreitada: a partir da capital da Bélgica, cruzaria sete países até chegar a Patagônia, no sul da Argentina. Antes, porém, uma parada obrigatória para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Detalhe fundamental da história: todo este percurso, com exceção de um pequeno trecho, foi feito de bicicleta - e, é claro, de barco.

"A ideia de viajar de bicicleta sozinha é uma perspectiva ecológica de ser, uma maneira mais humana de viajar", relata Bailly, em bom português
"A ideia de viajar de bicicleta sozinha é uma perspectiva ecológica de ser, uma maneira mais humana de viajar", relata Bailly, em bom português
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Confira a programação com os principais eventos

Veja onde estão ocorrendo os eventos da Rio+20

"A ideia de viajar de bicicleta sozinha é uma perspectiva ecológica de ser, uma maneira mais humana de viajar", relata Bailly, em bom português, após um ano de estrada para chegar até a Cúpula dos Povos, principal evento paralelo à convenção das ONU, que ocorre no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. "Esses encontros são importantes para uma articulação de luta, de diferentes movimentos. Venho para conhecer o evento e saber o que eu posso fazer para um mundo mais humano", completa.

Em sua bicicleta, devidamente equipada com uma espécie de porta-malas, a aventureira belga cruzou seu próprio país, depois a França, e chegou ao sul da Espanha para, de barco, ir até as Ilhas Canárias, quase na fronteira com o Marrocos, na África. Este foi ponto da viagem que ela considerou o mais difícil. "Peguei carona num veleiro somente com homens, e eles eram muito machistas, não acreditavam que eu pudesse estar fazendo tudo isso sozinha. Senti muito preconceito, me trataram mal, mas o importante foi que eles me transportaram até onde eu queria", relata.

O local onde ela queria chegar era a ex-colônia portuguesa de Cabo Verde, já no caminho para o Brasil. Lá, encontrou lugar em outro barco, e, desta vez, não passou grandes dificuldades, pois encontrou uma companheiro de viagem com o mesmo espírito. "Conheci uma mulher que viajava sozinha pelo mundo com o seu barco. Muito corajosa essa capitã. Ela viajava com o filho pequeno, de 2 anos, e com o cachorro, só. Foi uma vivência que me motivou muito a continuar a viagem", relembra.

A viagem de Cabo Verde, cruzando o oceano Atlântico, teve fim na Guiana Francesa, por onde avançou em território brasileiro, passando pelo Amapá, e cruzando o País, até chegar ao Rio de Janeiro. Mas ela confessa: "no trecho da região de Brasília até aqui, tive que pegar um ônibus, se não eu chegaria atrasada e perderia a Rio+20, mas está tudo valendo muito a pena. Acabando aqui, sigo viagem até a Patagônia, aí depois eu volto para casa".

Com sua barraca de acampar, dorme na praia quando possível, ou mesmo na casa de pessoas que conhece ao longo da viagem. "Nunca dormi na rua, sempre me virei", diz. "E juntei dinheiro para essa viagem, então também não passo fome. Só não fico em hotéis, essas coisas", explica, já com um pouco de saudades de casa. "Meus pais estão mortos de medo de eu estar fazendo tudo isso, mas era um sonho, estar aqui, participando dessa cúpula, é o momento alto da viagem, e tenho a certeza de que, no fundo, eles estão orgulhosos", diz, ela própria, com brilho nos olhos.

Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Vai acompanhar os eventos da Cúpula dos Povos na Rio+20? Envie fotos e relatos

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade