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Brasil é muito vulnerável ao aquecimento global, diz secretário

12 jun 2012 - 14h12
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

As dificuldades para lidar com a seca no nordeste e no sul do País e com as cheias na região amazônica mostram que o Brasil ainda é muito vulnerável aos desastres naturais - causados, em grande parte, pelo aquecimento global. A avaliação foi feita por Carlos Nobre, secretário nacional para políticas e programas de pesquisa e desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Ativistas do Greenpeace fazem protesto para que as promessas da Rio+20 saiam do papel
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Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace / Divulgação

"As projeções mostram que o Brasil é um país muito vulnerável às mudanças climáticas. Elas podem atingir um valor que pode mudar profundamente o uso que fazemos dos nossos recursos naturais", diz o secretário. Nobre informou que parte destes dados será disponibilizada na próxima semana, quando o painel brasileiro sobre mudanças climáticas lança o primeiro volume de três de um relatório sobre a situação do País.

O secretário explica que, no contexto global, o Brasil se encontra entre os países de vulnerabilidade média. "Este não é um conceito físico, a perturbação do meio físico é só um fator que pode alterá-la. A vulnerabilidade depende da capacidade de um sistema absorver um choque. Em geral, países pobres têm uma capacidade muito menor de absolverem qualquer tipo de choque, inclusive um choque climático ou ambiental", explica.

As principais preocupações são relacionadas à economia e à condição de vida de boa parte da população. "Não podemos esquecer que hoje no Brasil grande parte do PIB tem a ver com agricultura, energia renovável, água, vento. Neste sentido, a economia do País é bastante vulnerável", afirma o secretário.

Nobre destacou ainda que a população de mais de 10 milhões de pessoas do semiárido do nordeste está muito suscetível à variabilidade climática e à escassez de água, e que, pelo menos, 15 milhões de brasileiros que vivem nas periferias das grandes cidades estão vulneráveis a desastres naturais. "Isso tudo somado mostra que o país precisa ter políticas importantes de adaptação", avalia.

Segundo o secretário, estas políticas já estão sendo implementadas. "Há um plano de diminuir rapidamente a vulnerabilidade das populações que vivem em grandes cidades a eventos extremos como inundações e deslizamentos, assim como redução rápida do número dos mortos e danos sociais", garantiu Nobre. "A pesquisa científica do País também está indo no sentido de tornar a agricultura menos vulnerável a flutuações de clima como as três grandes anomalias climáticas que estamos enfrentando atualmente."

No Brasil, o sinal do aquecimento global é claro no aumento da temperatura e do nível do mar em toda a costa, mas o secretário também alerta para mudanças advindas dos processos de urbanização. "Um exemplo é São Paulo, que tem uma mudança que já ocorreu e vai demorar 50, 100 anos para o aquecimento global causar outra tão significativa. O clima mudou na cidade. A temperatura já subiu mais de três graus nos últimos cem anos e ocorrem três a quatro vezes mais chuvas intensas do que antes. Isso já modificou a vida de uma grande metrópole", declarou.

Rio+20

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável ocorre na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 13 a 22 de junho e deverá contribuir para a definição da agenda de discussões e ações sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Assim chamada por marcar os 20 anos da realização da Eco92, a Rio+20 é composta por três momentos. De 13 a 15 de junho, representantes governamentais discutirão os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. Entre 16 e 19, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, vários líderes mundiais estarão ausentes, incluindo o presidente americano Barack Obama. Do lado europeu, ficam de fora a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Para garantir a presença de países africanos e caribenhos, o Itamaraty, o Ministério da Defesa e a Embraer trarão as delegações de dez deles.

Fonte: Especial para Terra
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