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Mudanças climáticas: cenário é catastrófico e soluções, incertas

12 jun 2012 - 12h36
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

Ativistas do Greenpeace fazem protesto para que as promessas da Rio+20 saiam do papel
Ativistas do Greenpeace fazem protesto para que as promessas da Rio+20 saiam do papel
Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace / Divulgação

O painel sobre mudanças climáticas do Seminário de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, evento paralelo à Rio+20, confirmou as previsões catastróficas sobre o aquecimento global. Os cientistas palestrantes falaram de estudos que reafirmam o aquecimento global e o degelo das calotas polares. No entanto, deram soluções incertas para os problemas.

Segundo a argentina Carolina Vera, diretora do Centro de Investigação do Mar e da Atmosfera do país, os desastres naturais tendem a aumentar no século 21 devido ao aquecimento global e as mudanças atmosféricas. A cientista afirma que está havendo aumento do número de dias quentes. "O dia mais quente, que costumava ocorrer uma vez a cada 20 anos, vai passar a ocorrer uma vez a cada dois anos no século 21", previu.

Carlos Nobre, secretário nacional para políticas e programas de pesquisa e desenvolvimento do ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, mostrou dados que garantem que as calotas polares diminuíram 35% desde 1902. "Nesse ritmo, vai ser difícil mantê-las e a intensificação do fluxo d'água vai levar à ocorrência de mais enchentes e desastres naturais", afirmou.

Já o chefe do setor de Ciência Oceânica da Comissão Intergovernamental de Oceanografia da Unesco, Luis Valdés, ponderou que o consenso de aceitar um aumento da temperatura em dois graus Celsius pode ser o suficiente para os seres vivos terrestres, mas certamente trará efeitos nocivos ao mar. Ele ainda não soube precisar os efeitos do aquecimento das águas, mas explicou que há uma escassez de peixes no mundo todo e é cada vez mais difícil se achar peixes grandes, o que afeta de forma grave economias que dependem da pesca.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Roberto Schaeffer, membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), foi um dos poucos a lembrar possíveis soluções para os problemas. "Nós temos que mudar a forma como se produz energia, passar a depender cada vez menos dos combustíveis fósseis antes que eles comecem a entrar em extinção. Mas os investimentos atualmente são insuficientes para se alterar a matriz energética dos países", lamentou.

Schaeffer pontuou também que a mudança das formas de energia depende, na maioria dos países, do estado da economia. "Num momento de crise, como o atual, o debate de políticas que diminuam a emissão de carbono ou a utilização de energia limpa fica infelizmente relegado ao segundo plano", explicou o professor, que frisou ainda a necessidade da mudança nos padrões de consumo.

No entanto, como o próprio professor da UFRJ admitiu, ainda há incertezas do quanto se pode permitir de emissão de carbono e se as taxas pedidas levarão um aumento de temperatura controlado de apenas dois graus Celsius, assim como se haverá tecnologia suficiente para mudar a matriz energética para combustíveis mais limpos na maior parte do mundo.

Rio+20

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável ocorre na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 13 a 22 de junho e deverá contribuir para a definição da agenda de discussões e ações sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Assim chamada por marcar os 20 anos da realização da Eco92, a Rio+20 é composta por três momentos. De 13 a 15 de junho, representantes governamentais discutirão os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. Entre 16 e 19, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, vários líderes mundiais estarão ausentes, incluindo o presidente americano Barack Obama. Do lado europeu, ficam de fora a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Para garantir a presença de países africanos e caribenhos, o Itamaraty, o Ministério da Defesa e a Embraer trarão as delegações de 10 deles.

Fonte: Terra
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