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Rio+20: grupo lança campanha Não à Economia Verde

9 mai 2012 - 19h29
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Movimentos sociais e ambientais que integram o Grupo Facilitador da Sociedade Civil na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) lançaram nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, a campanha nacional Não à Economia Verde. Entre os motivos da campanha estão as faltas de conceito de economia verde, de posicionamento crítico ao atual modelo econômico e da análise sobre a mudança da matriz energética dos combustíveis fósseis para as energias renováveis no rascunho zero da Rio+20.

Enchente na Austrália - As imagens mostram vastas áreas de Rockhampton embaixo d¿água em janeiro de 2011, em um das piores cheias da história do país
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Foto: Nasa / Divulgação

A campanha Não à Economia Verde faz parte do seminário internacional Outra Economia, Outro Desenvolvimento, Outra Cooperação: a Sociedade Civil Rumo à Rio+20/Cúpula dos Povos, que a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) promove até amanhã na capital fluminense. A campanha foi iniciada em abril deste ano, a partir do Fórum Social Temático realizado em janeiro, em Porto Alegre (RS).

As ONGs apontam que não existe, na verdade, uma definição do conceito de economia verde no rascunho zero (draft zero) apresentado pela ONU no final do ano passado. Esse texto ainda se acha em negociação e serve de base para o documento oficial da Rio+20, programada para junho, no Rio de Janeiro.

De acordo com Ivo Lesbaupin, diretor da Abong, há um consenso de que a economia verde, tal como está sendo proposta pela ONU, não coincide com o que os movimentos sociais e ambientais consideram uma economia sustentável. "A gente acha que, como está sendo defendido no documento zero e em alguns estudos feitos pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o essencial, nessa proposta de economia verde, é utilizar os instrumentos do mercado para enfrentar a crise ambiental".

O documento apela para as grandes empresas implementarem a chamada economia verde. Lesbaupin destacou, porém, que a participação de organismos multilaterais, como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, entre outros, representa, no fundo, "pintar de verde a mesma economia que nós conhecemos e que gerou o impacto ambiental. Não há nenhuma crítica no rascunho zero ao modelo produtivo e consumista que gerou a situação que vivemos hoje", disse.

Lesbaupin disse ainda que o documento não traz nenhuma análise sobre a mudança da matriz energética dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, considerada pelas ONGs um elemento essencial no enfrentamento ao desastre ambiental. "Esse tipo de economia verde, a gente tem que combater".

O diretor da Abong denunciou que a proposta apresentada no rascunho da ONU visa a precificar, ou seja, colocar valor monetário, nos serviços ambientais e nos elementos da natureza. "Nós consideramos que isso é extremamente perigoso. É levar o mercado para onde ele não está ainda, para tornar isso fonte de lucro".

Agência Brasil Agência Brasil
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