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Substâncias de pesticidas prejudicam memória de idosos

12 set 2012 - 10h23
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Estudo indica que contaminantes ambientais alteram o desempenho cognitivo das pessoas. Pesquisa realizada pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade de São Paulo com 130 idosos saudáveis mostra que aqueles com níveis elevados de contaminantes no sangue se saíram pior em testes de tolerância a estresse e de desempenho cognitivo, memória.

O trabalho da Unifesp, feito em parceria com cientistas da Escola de Enfermagem e da Faculdade de Ciências da USP e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas (UFMG) mediu os teores de chumbo, cobre, zinco, cádmio e substâncias organocloradas usadas no passado como pesticidas presentes no sangue do grupo de idosos.

De acordo com reportagem da Agência Fapesp, os voluntários foram divididos em dois grupos: um com nível de contaminantes acima da mediana e outro com valores abaixo. Para avaliar o estresse dos voluntários, os pesquisadores mediram o cortisol - considerado o hormônio do estresse - ao longo do dia e após um evento estressor. Um teste padronizado que inclui tarefas como falar em público e fazer cálculos matemáticos mentalmente foi usado para induzir a situação de estresse agudo.

Em seguida, foram aplicados testes para avaliar a memória de curto e de longo prazos, a atenção e a fluência verbal dos voluntários. As diferenças mais significativas foram percebidas nos idosos com níveis mais altos de chumbo, cobre e organoclorados.

O grupo com teores de chumbo acima da mediana, que foi de 2 microgramas por decilitro (µg/dl), apresentou secreção de cortisol basal 1,3 vez maior que os demais. O desempenho nos testes de fluência verbal, por outro lado, foi 1,3 vez menor.

"Nesse caso, o limite considerado seguro para a saúde humana, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, é de 10 µg/dl. O valor está sendo revisto e já caiu para 5 µg/dl em crianças. Mas estudos têm mostrado que mesmo doses menores podem causar prejuízo", explica a docente da Escola de Enfermagem da USP Juliana Nery de Souza Talarico.

No caso das substâncias organocloradas, quanto maior a concentração no sangue, menor foi a secreção de cortisol basal e pior o desempenho da memória. "Vale destacar que tanto a secreção aumentada de cortisol como a reduzida estão relacionadas com disfunções no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), o que aumenta a vulnerabilidade a transtornos de humor e cognitivos", informa os pesquisadores.

O estudo vem sendo feito em parceria com um centro de pesquisa da Universidade de Montreal, no Canadá. "Lá foi avaliada uma amostra de 73 idosos. Embora o contexto sociocultural seja diferente, os resultados foram semelhantes", contou Talarico.

A pesquisadora ressalta, porém, que os dados evidenciam a vulnerabilidade dos idosos aos efeitos dos contaminantes. "Em função da longa permanência das substâncias no organismo e da redução, durante o envelhecimento, da capacidade de compensar os prejuízos causados por agressores ambientais", afirma.

Fonte: DiárioNet DiárioNet
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