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Para financiadores, clima exige um novo modelo de pesquisa

24 ago 2012 - 12h12
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Sabrina Bevilacqua
Direto de São Paulo

Cientistas brasileiros vão liderar, em 2013, estudo internacional sobre segurança alimentar e energética. O projeto é resultado da decisão de agências internacionais financiadoras de pesquisas reunidas em torno do Belmont Forum de investir em propostas de trabalho "desenhadas" e tocadas em parceria por cientistas naturais e sociais que possam ser aplicadas pelos gestores de políticas públicas.

As agências de financiamento reunidas no Belmont Forum - o Brasil é representado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) - querem mudar a forma como as pesquisas sobre mudanças climáticas são feitas, incentivando a integração da área natural com a social.

Especialistas presentes em workshop sobre Mudanças Climáticas e reflexões sobre a Rio+20 na Fapesp defenderam a fusão entre os conhecimentos científico e social para a criação de ações efetivas pela sustentabilidade. Segundo cientistas presentes no evento, apenas o trabalho conjunto das diversas áreas, de maneira transversal, pode levar a políticas que resultem na melhora da qualidade de vida da população.

Neste caminho, eles destacam a importância do Belmont Forum. "O objetivo é pegar os financiadores internacionais e direcionar os recursos para pesquisas integradas", afirma o coordenador do Programa Fapesp de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), Reynaldo Victoria.

Fazem parte do programa do Belmont Forum: Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, China, Comissão Europeia, França, Alemanha, Índia, Japão, Noruega, Reino Unido, Estados Unidos, International Council for Science (ICSU), Interstate Shellfish Sanitation Conference (ISSC). Além da proposta de estudo feita pela Fapesp, outra já aprovada para 2013, feita por agência canadense, visa a criação de um sistema mais maplo de observação e coleta de dados sobre as mudanças que o clima está provcando no Ártico.

Os cientistas também chamaram a atenção durante o encontro na Fapesp para outra iniciativa que caminha na mesma linha: o Projeto Future Earth. Ele também trabalha com propostas que reúnam sociólogos e cientistas e que possam ter aplicação prática. No caso, o interesse central deve estar voltado para sustentabilidade e biodiversidade. "É preciso ter visão de futuro para que possamos nos desenvolver rumo a uma sustentabilidade global", explica a pesquisadora e membro do ICSU, Alice Abreu.


Rio+20 - Em outro painel do evento, especialistas discutiram os resultados da Rio+20. O ambientalista Fábio Feldmann fez duras críticas à atuação brasileira como país anfitrião conferência. "Faltou liderança tanto da ONU quanto do Brasil. Essa é uma conferência que não será lembrada", arriscou. Ele ainda afirmou que "a presidente Dilma não tem simpatia com os temas."


Feldman lamentou que a negociação tenha sido deixada nas mãos de diplomatas, que "têm um visão diferenciadas sobre esse tipo de questão". Para ele, as discussões não conseguiram superar a polarização entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. "O documento final é uma compilação mal feita de pedaços requentados dos outros documentos", afirmou.


O diretor do Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Nelson Pereira dos Reis, avaliou como positiva a participação da sociedade civil na Rio+20. Mesmo sem poder de decisão sobre o documento oficial, ele diz que o setor empresarial também foi essencial para as discussões. O segmento ganhou destaque inclusive no texto final, sendo mencionado em diversos trechos. "A indústria mostrou que está incluindo a sustentabilidade na sua agenda."


Para o coordenador-executivo do Vitae Civilis, Rubens Born, dizer que a conferência foi "boa"ou "ruim" é muito simplista. Ele criticou a falta de capacidade das organizações não governamentais de se organizar e dialogar. "Foi muito fragmentado. A Rio+10 teve mais articulação dentro e fora das reuniões oficiais do que a Rio+20." Além disso, Born afirma que o documento final tem pontos muito abrangentes e deixa lacunas. "A palavra sustentabilidade, por exemplo, só aparece quatro vezes no texto. E não está presente na síntese."


Fonte: DiárioNet DiárioNet
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