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Estudo comprova baixa emissão de gás estufa nos canaviais

2 ago 2012 - 10h11
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A emissão de óxido nitroso em canaviais está abaixo do previsto pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O resultado de pesquisa realizada no campo fortalece a argumentação brasileira junto a instituições científicas e de comércio no exterior a favor da sustentabilidade do etanol brasileiro.


Se a emissão do nitrogênio estivesse acima do limite na cultura da cana, o etanol teria seus benefícios anulados e não poderia ser considerado um combustível limpo. Para ser limpo, o fator de emissão de N2O da cultura de cana não pode ultrapassar 5% da quantidade de nitrogênio dos fertilizantes. Ao ser aplicado, parte desse nitrogênio se perde na atmosfera na forma de óxido nitroso (N2O), o mais potente gás estufa. O estudo de campo mostrou que a emissão fica abaixo de 3%.

A pesquisa publicada na Global Biology Bioenergy foi coordenada pela cientista do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Sorocaba, Janaína Braga do Carmo. Ela mostra que o fator de emissão na produção canavieira brasileira só é elevado quando o fertilizante é aplicado em conjunto com a vinhaça, um resíduo da fabricação de etanol que é frequentemente reaproveitado nas plantações.


O trabalho, que contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), teve a participação de pesquisadores da Universidade de Maryland, do Instituto Agronômico, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (USP), da Embrapa Meio Ambiente, da Agência Paulista de Tecnologia e da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Em entrevista concedida à Agência Fapesp, Janaína explica que, até agora, as estimativas realizadas sobre o fator de emissão dos canaviais haviam sido feitas a partir de modelos matemáticos e com metodologias indiretas, mas não tinham base em trabalho de campo.


"Nosso objetivo era fornecer o fator de emissão dos fertilizantes usados na cultura canavieira no Brasil, com base em dados empíricos. Conseguimos constatar que os valores são mais baixos que os estimados pelo IPCC e pela literatura internacional e o fator de emissão só é alto quando há aplicação da vinhaça junto com o fertilizante", explica a cientista.

Um artigo publicado pelo Prêmio Nobel de Química Paul Crutzen, na Atmospheric Chemistry and Physics, estabeleceu que, se o fator de emissão de N2O da cultura de cana ultrapassasse 5% da quantidade de nitrogênio dos fertilizantes, os ganhos ambientais do uso do etanol como biocombustíveis seriam frágeis demais para que o produto fosse considerado uma fonte de energia limpa.


O prejuízo ambiental causado pela emissão de N2O não seria compensado pelo sequestro de carbono ocasionado pela fotossíntese e pela alta eficiência energética da cana.


"Nosso estudo mostrou que o fator de emissão de N2O ficou bem abaixo dos 3%. Mesmo quando a vinhaça foi aplicada junto com o fertilizante, o fator de emissão chegou a apenas 6%. A partir de agora, faremos um experimento com um isótopo marcado, para saber se essas emissões são provenientes da própria vinhaça ou do fertilizante, estimulada pela associação com a vinhaça", explica Janaína.


Fonte: DiárioNet DiárioNet
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