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Pecuarista brasileiro é 1.º no mundo a receber certificação

12 abr 2012 - 10h37
(atualizado às 11h14)
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Sabrina Bevilacqua
Direto de São Paulo

Organização brasileira inova e recebe o primeiro certificado socioambiental para pecuária do mundo. A aposta do Grupo JD é de criar um novo mercado, o da carne bovina certificada.

Depois de ser avaliada em 136 critérios, a Fazenda São Marcelo, situada no Mato Grosso, foi certificada pela Rede de Agricultura Sustentável (RAS). Com isso, o grupo passa a atender a um crescente mercado interno, cada vez mais preocupado com o respeito às questões social e ambiental, e se qualifica para competir em melhores condições no plano internacional. O selo da RAS foi entregue ao presidente do grupo JD, Arnaldo Eijsink, durante evento na 5.ª Brasil Certificado, feira de certificação realizada em São Paulo.

Informações que circulam no mercado, mas não confirmadas pelo Grupo JD, indicam que, com a certificação, a empresa estaria mirando mais fortemente no mercado do couro. Uma famosa grife italiana já teria demonstrado interesse em comprar produtos do grupo.

O Sustentabilidade foi ouvir Eijsink sobre as apostas do grupo na obtenção do selo da RAS. A seguir a íntegra da entrevista:

Sustentabilidade - Por que certificar uma fazenda?

Arnaldo Eijsink - Na verdade, certificar é o resultado final da soma de atitudes que a gente vem fazendo pró-sustentabilidade. Atesta a nossa maneira correta de produzir. É necessário escolher o certificado que for mais exigente ou completo para poder mostrar aos consumidores o que a empresa já vem fazendo.

Sustentabilidade - Quais são as expectativas do grupo com essa certificação?

Eijsink - Temos a expectativa de acessar mercados que remunerem melhor. O tripé da sustentabilidade inclui aspectos ambiental, social e econômico. Então a parte econômica tem de se fazer valer também. Você busca um diferencial no mercado, mas, ao mesmo tempo, acaba tendo melhorias no processo de produção e redução de custo da porta para dentro. Para obter uma certificação, muitas vezes é preciso investir em algum processo que a empresa não cuidava tão bem. Assim que isso é feito, você tem o retorno num prazo médio. Além disso, o mercado vai te olhar diferente e te valorizar. Um exemplo disso é outro produto nosso, a uva. Há dois anos conseguimos a mesma certificação para a produção de uva. Houve real percepção e valorização do produto. Isso nos animou a buscar o certificado para a produção de carne.

Sustentabilidade - Quais foram os ganhos para a empresa?

Eijsink -Os colaboradores da empresa se sentem mais felizes. Sabem que trabalham numa empresa em que as atividades são feitas de maneira sustentável. Talvez a palavra 'sustentabilidade' não tenha chegado a todos, mas eles percebem que estamos tentando produzir sem depredar o meio ambiente. A rotatividade de funcionários é menor e não temos mais problemas para contratar gente. Além disso, tivemos ganhos de rendimento de carcaça. Com a melhoria dos processos e de bem-estar animal, o índice de aproveitamento da carne é maior. E isso traz para o bolso um valor de 3% a 5% a mais.

Sustentabilidade - Qual foi o investimento necessário para chegar à certificação?

Eijsink -Os investimentos não foram exclusivamente para a certificação. Eles estão sendo feitos de forma gradativa nos últimos 5 anos. Para se ter uma ideia, foram cerca de R$ 40 mil só para a parte educativa dos funcionários, outros R$ 200 mil para mudar a forma e formato dos currais para o bem-estar animal, entre outros.

Sustentabilidade - E o retorno financeiro disso?

Eijsink - No caso da carne, é complexo. É necessária a continuidade da cadeia. A gente vende boi gordo, não carne. Precisamos de um frigorifico parceiro que também esteja sob regras da certificação para processar a carne. Já tem gente interessada nos procurando. A partir do momento em que fecharmos essas parcerias, se conseguirmos de 3% a 5% a mais no preço, os investimentos diretos são pagos em um ano.

Sustentabilidade -Como é trazer a discussão da certificação para o setor agropecuário?

Eijsink -É uma inovação. Tem sim uma mudança acontecendo na cadeia da carne. Produtores novos ou filhos de produtores estão entrando nesse mercado e foram vacinados para buscar isso se quiserem sobreviver a médio/longo prazos. É natural que a valorização de um produto atraia outros produtores. Tem o boi líder e atrás vem a boiada. E isso é positivo. Podemos ser uma empresa pecuarista grande, mas precisamos de um volume maior para atender ao consumidor 365 dias por ano. Se só você fica no mercado e não apresenta o produto regularmente o efeito é negativo.

Fonte: DiárioNet DiárioNet
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