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Dólar fecha com menor cotação desde agosto de 2008

1 abr 2011 - 17h04
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O dólar caiu ao menor nível desde agosto de 2008 nesta sexta-feira, após fontes do governo afirmarem que não há grandes medidas a serem tomadas em breve para brecar o movimento no câmbio. O dólar fechou em baixa de 1,16%, para R$ 1,612. É o menor patamar de fechamento desde 21 de agosto de 2008, antes da quebra do banco de investimento Lehman Brothers que marcou o auge da crise financeira global.

Na semana, o dólar acumulou queda de 2,9%.

Dados da clearing (câmara de compensação) da BM&FBovespa indicam que, até pouco antes do fechamento, havia sido feito o registro de cerca de US$ 3,3 bilhões em operações.

De acordo com fontes do governo, não há nenhuma grande medida a ser tomada no curtíssimo prazo para brecar a queda do dólar. A mais recente, anunciada na terça-feira, teve impacto nulo: o aumento do imposto sobre a captação de empréstimos no exterior por empresas e bancos no Brasil.

As fontes afirmaram que a preocupação do governo não é somente com o câmbio, mas também com a inflação e com a alta do petróleo no mercado internacional, e um real mais valorizado pode ajudar a esfriar os preços. Apesar da ausência de novas medidas, as mesmas fontes indicaram que o Banco Central manterá a intervenção para limitar ao máximo a queda do dólar.

Nesta sexta-feira, o BC fez três leilões de compra no mercado à vista e um leilão de swap cambial reverso, onde vendeu 24.000 da oferta de 30.000 contratos - mas a queda do dólar acelerou após a maior parte da intervenção.

"No curto prazo, a gente vai testar alguns patamares. A gente vai testar 1,60 (real)", disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

"Mas o governo não vai deixar (o real) valorizar demais", ponderou, comentando também que a partir do meio do ano a política de estímulo monetário nos Estados Unidos - um dos principais fatores para a queda global do dólar - deve começar a ser revertida.

estrangeiros pressionam

Por enquanto, o cenário internacional tem atuado a favor da valorização do real. O anúncio de que os Estados Unidos abriram 216 mil postos de trabalho em março aumentaram o otimismo dos investidores nesta sexta-feira, valorizando ativos de maior risco e dando impulso também ao real.

Jorge Knauer, diretor de tesouraria do Banco Prosper, destacou ainda o crescimento expressivo das posições vendidas na moeda americana como um fator decisivo para a tendência de queda do dólar diante do real.

Quando um investidor carrega posições vendidas, indica que aposta em uma valorização do real. Do dia 17 de março até o final do mês, os investidores estrangeiros, por exemplo, elevaram as posições vendidas de US$ 10,16 bilhões para US$ 17,46 bilhões, maior nível do atual ciclo de queda do dólar iniciado após a recuperação da crise global.

"Quanto maior essa posição, maior o domínio que você tende a ter sobre o mercado. Se você tem uma posição dessa e vende 10 mil contratos (equivalente a US$ 500 milhões), você nem aumenta muito sua posição, mas faz um estrago grande no mercado", disse Knauer.

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