BC pode adotar novas medidas para derrubar spread
Para Meirelles, juro precisa cair ainda mais; presidente da Febraban diz que questão deve ser tratada com seriedade
O spread (diferença entre o custo de captação e o de empréstimo) está muito alto e precisa cair muito mais". Esta é a avaliação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre a diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar recursos no mercado financeiro e a taxa final cobrada dos clientes. Após participação no 8.º Fórum Empresarial, em Comandatuba (BA), organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), Meirelles afirmou que a autoridade monetária pode anunciar novas medidas para tentar reduzir o spread bancário.
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"Estamos monitorando. Existem outras medidas que estão sendo estudadas. Uma delas é a questão do Cadastro Positivo. Se for necessário, tomaremos novas medidas, porque o spread está muito alto e precisa cair muito mais", disse.
O presidente da autoridade monetária não precisou, no entanto, o patamar ideal para o spread. "Não temos ainda essa visão. No mínimo, (esperamos) num certo momento retomar o patamar que tínhamos antes da crise, para depois retomarmos a tendência histórica de continuada queda estrutural de longo prazo."
Meirelles pontuou, ainda, as medidas que já foram adotadas para a queda da diferença, estimulando o crédito. Ele citou a liberação de R$ 100 bilhões do compulsório, a intervenção do Banco Central nos mercados de câmbio - futuro e spot -, com vendas de US$ 33 bilhões, além da concessão de US$ 21 bilhões de empréstimos para financiar os exportadores.
"Recentemente, duas medidas fundamentais foram tomadas: a instituição de um depósito de garantia de crédito para médios e pequenos bancos, que saltou de R$ 60 mil para R$ 20 milhões, o que dá segurança aos depositantes de bancos menores. Além disso, o BC está fazendo leilões de câmbio para qualquer empresa, dólares sem direcionamento", completou.
Reduzir por reduzir - Para o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, a questão da redução do spread bancário deve ser tratada com seriedade. "Não se trata de buscar a redução pela redução. É preciso trabalhar nas causas que determinam o spread bancário elevado", alertou.
"No Brasil, temos impostos na intermediação financeira que não são praticados em nenhum outro país do mundo. Temos compulsórios que oneram o spread, temos crédito direcionado que também aumenta o spread das operações livres. Além disso, temos a inadimplência alta, porque estamos entrando em camadas que antes não tinham acesso ao crédito", finalizou.