PUBLICIDADE

Design de qualidade é diferencial para pequeno empreendedor

1 mai 2012 - 09h12
Compartilhar

Associado a modernidade beleza, o design é, para muitas pessoas, um componente estético bem-vindo, mas de importância secundária nos produtos. Especialistas na área, no entanto, são taxativos em defender o design como uma aliança entre funcionalidade e beleza - e um grande aliado do empresário que busca um diferencial competitivo.

Feitos à base de fibra de coco, os Favos Verdes são módulos encaixáveis horizontal e verticalmente nos quais se pode plantar vegetais. O produto ganhou o prêmio internacional de design IF Gold
Feitos à base de fibra de coco, os Favos Verdes são módulos encaixáveis horizontal e verticalmente nos quais se pode plantar vegetais. O produto ganhou o prêmio internacional de design IF Gold
Foto: Divulgação


"Design é uma combinação de forma e função. Ele não existe só para tornar as coisas bonitas, mas também para fazer as coisas funcionarem bem", explica o alemão Frank Zierenberg, gerente responsável pelo prêmio de design internacional IF Design Awards. O especialista está de passagem pelo Brasil numa série de visitas a escritórios de design e agências de publicidade.



Zierenberg chama atenção para o fato de que bom design está sempre ligado a sucesso econômico e afirma que isso não é algo específico das grandes companhias. "O design precisa criar soluções para os clientes. Se algo só parece bonito, as pessoas podem até comprar. Mas, se não ficarem satisfeitas, não repetirão a compra e farão má publicidade sobre o produto", diz.



Dezoito empresas brasileiras foram premiadas neste ano pelo IF Design Awards. Um dos produtos, o Favo Verde, ganhou o IF Gold, a premiação mais importante. Seu criador, o designer Eduardo Franco Queiroz, abriu uma pequena empresa em Alagoas com o objetivo de comercializar o produto junto a supermercados, lojas de departamento e mesmo produtores de gêneros hortifruti.



Os Favos Verdes são módulos encaixáveis feitos à base de fibra de coco. Servem como suporte para se plantar vegetais. Os módulos podem ser acoplados uns nos outros vertical e horizontalmente, formando paredes verdes. "Eles podem ser usados junto a encostas de edifícios para revesti-las com vegetação, inclusive produtiva, como morango, pimenta e flores. Podem também ajudar a regular o clima de cidades com pouco espaço para o verde, como São Paulo" diz Queiroz.



Segundo o designer, o Favo Verde já existia desde 2008, mas a recepção do público na Revestir, feira especializada em revestimentos, em São Paulo, foi tão positiva que houve receio de que seria impossível atender à demanda. "Queríamos um produto que não fosse elitizado, que estivesse ao alcance de todos. Tínhamos medo de 'nos queimarmos' por não conseguirmos entregar todas as encomendas. Criamos a empresa em 2009 e estamos nos estruturando desde então para suprir a demanda." Além de fazer em contato com redes varejistas, Queiroz conta que o produto entra no mercado com um site para a sua comercialização.



Além do Favo Verde, Queiroz também é responsável pelo desenvolvimento de pastilhas de coco utilizadas no revestimento de paredes e assoalhos. O produto já é comercializado pela empresa Ekobe - que significa "vida" em tupi-guarani - e tem dado um bom retorno, segundo ele. "Exportamos para a Itália, onde eles são utilizados por revendedores de pedras para valorizar seus produtos. Sul-coreanos também estão interessados nas pastilhas", conta.



Desafios

Para Queiroz, o Brasil tem que investir no design de seus produtos se quiser aumentar as exportações. "Veja o exemplo do mercado de calçados. Enquanto o País só copiava do mundo, não conseguia exportar. Quando partiu para formar uma identidade de seus calçados, começou a ter um resultado melhor", compara.



Para Zierenberg, o desafio para o mercado brasileiro agora é se profissionalizar e ganhar competitividade. Ele explica que, enquanto em setores como o design publicitário o Brasil já atinge um nível de qualidade internacional, o País ainda tem um longo caminho a percorrer no design de produtos.



Em conversa com profissionais do setor, ele chegou à conclusão de que, por terem trabalhado sob uma economia fechada por muito tempo, os designers brasileiros desenvolveram grandes criatividade e capacidade de improvisação e reutilização de materiais. "Essa é a força e a fraqueza do design brasileiro". Para ele, acostumadas a improvisar, as empresas brasileiras resistem a investir em equipamentos custosos, mas que possam aperfeiçoar a produção. "O argumento é, 'se conseguíamos fazer com improvisação, por que investir em equipamentos caros'"



Além desse fator cultural, ele cita a questão tributária como um fator que restringe a modernização. "O sistema de impostos continua muito protecionista", avalia. Isso tornaria difícil a compra de máquinas novas importadas, ao mesmo tempo em que impede que produtos estrangeiros com design de qualidade compitam com os brasileiros e os incentivem a se aperfeiçoar. "Isso precisa mudar se o Brasil quiser competir com design em outro nível", diz.



Cross Content

Especial para o Terra

Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade