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Empresas de saúde buscam alternativas para atrair classe A

16 abr 2012 - 07h51
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Não é só a classe C que vem se beneficiando do crescimento da economia brasileira nesta década. Segundo estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), de 2003 a 2011 as classes A e B cresceram 69,1%. Enquanto a classe C é disputada por planos de saúde que enxergam o mercado A e B como praticamente saturado, outras empresas do setor procuram abordar o topo da pirâmide social com produtos cada vez mais específicos - alguns até polêmicos.

Tendo chegado em 2009 no Brasil, a franquia BCU Brasil já realiza 250 procedimentos de coleta de células-tronco oriundas de cordão umbilical por mês
Tendo chegado em 2009 no Brasil, a franquia BCU Brasil já realiza 250 procedimentos de coleta de células-tronco oriundas de cordão umbilical por mês
Foto: Divulgação


Esse é o caso do Banco de Cordão Umbilical Brasil, ou BCU Brasil. A franquia, que tem raízes no México, aportou no Brasil em 2009 e já conta com 50 unidades em praticamente todos os estados do País. Seu trabalho consiste em coletar o sangue do cordão umbilical de recém-nascidos e preservá-lo para uso médico das células-tronco no decorrer da vida desses indivíduos.



Segundo a responsável administrativa e de operações do BCU, a cirurgiã vascular Adriana Homem, a franquia partiu de cinco procedimentos mensais no início de 2011 para 250 atualmente - e espera chegar a 350 até o fim 2012.



Polêmica

A prática é alvo de polêmica. Tanto a Sociedade Brasileira de Hematologia quanto a Comunidade Europeia de Hematologia desaconselham o procedimento. "Há alguns casos, raros, em que pode haver tal necessidade, mas isso não justifica pagar pela preservação das células-tronco de cordão umbilical", afirma Patrícia Pranke, chefe do Laboratório de Hematologia e Células-Tronco da Faculdade de Farmácia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e fundadora do Instituto de Pesquisa com Células-Tronco de Porto Alegre. Ela explica que o uso de células-tronco provenientes de cordão umbilical é recomendado principalmente para doenças genéticas e leucemia. Nesses casos, o comitê de ética europeu desaconselha o uso das células do próprio paciente e recomenda o uso das de terceiros - o que não é coberto pelos bancos privados, mas sim pelos públicos.



Ela faz a ressalva de que, no caso de mães de filhos com leucemia que estejam grávidas, recomenda-se que o cordão umbilical do recém-nascido seja preservado para o tratamento do mais velho. "Para esses casos, o SUS financia o tratamento integralmente. Portanto, não há necessidade de um serviço privado", explica.



Adriana Homem destaca, no entanto, outros usos para células-tronco oriundas de cordão umbilical. Ela dá como exemplos o emprego em complicações operatórias, tratamento de ligamentos cruzados de joelhos, doenças de córnea e de diabetes tipo 1.



Ela argumenta também que o atendimento oferecido pelo SUS contempla apenas procedimentos protocolados pela instituição. Com as células-tronco em mãos, um cliente poderia se dirigir a outros países em busca de tratamentos ainda não disponíveis no Brasil.



O BCU Brasil possui um laboratório de pesquisa em células-tronco junto à Universidade Federal do Ceará.



A despeito da polêmica em torno do assunto, ao se observar a profusão de celebridades que têm adotado e divulgado a prática se verifica a tendência de que esse mercado cresça e se estabeleça entre as classes mais altas, como ocorreu em países como os Estados Unidos e o México. "O público-alvo hoje é o A e o B, porque os procedimentos são caros", explica Adriana Homem.



Franqueamento

A médica explica que o franqueado do BCU Brasil não precisa necessariamente ser médico, embora essa formação seja desejada. Ele vai ser responsável por administrar a coleta das células-tronco e por enviá-las para a cidade de São Paulo, onde serão armazenadas. Também é cobrada dos pacientes uma taxa anual para a preservação células-tronco.



A coleta é realizada por enfermeiros contratados, aos quais o franqueador oferece treinamento. Depois de treinado, o franqueado é avaliado sobre o comportamento médico da empresa. "Fiscalizamos para evitar que alguém crie expectativas irreais para os pais", explica Adriana Homem.



O franqueador auxilia também no marketing, com treinamento de vendedores e o fornecimento de material gráfico e suporte operacional através de sites.



Para ela, o sistema de franquias melhora a gestão da empresa por manter uma administração descentralizada, realizada de perto por cada franqueado.



BCU Brasil em Números
Setor:

Saúde


Resumo do negócio:

franquia voltada à coleta e armazenamento de cordões umbilicais


Número de unidades:

38 abertas e 40 vendidas


Unidades próprias:

1


Unidades franqueadas:

32


Faturamento mensal médio:

varia de acordo com a cidade


Taxa de franquia:

R$ 60 mil


Taxa de propaganda:

2% do faturamento bruto


Capital para instalação:

R$ 5 mil


Capital de giro:

R$ 50 mil no primeiro ano


Prazo de retorno estimado:

18 meses


Principais concorrentes:

Cryopraxis, Cordcell




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Especial para o Terra

Fonte: Terra
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