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Melhor pastel de feira de SP inicia sistema de franquias

16 mar 2012 - 07h36
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O popular pastel de feira, uma das instituições da cidade de São Paulo, ganhou status de celebridade no mundo do empreendimento com a expansão da rede 'Pastel da Maria', criada, administrada e gerida no dia a dia pela microempresária japonesa Kuniko Kohakura Yonaha. Sua barraca, que se tornou famosa em feiras-livres como a do Pacaembu, bairro de classe média alta da capital paulista, foi eleita por duas vezes nos últimos três anos como tendo "o melhor pastel de São Paulo", em concurso promovido pela prefeitura. O prêmio, que é resultado de eleição direta dos consumidores, foi concedido em 2009 e 2011 - sendo que em 2010 ela ficou em segundo lugar.

Kuniko Yonaha, a Dona Maria, desde os 14 anos trabalha com pastéis. Por volta dos 22, ela passou a chamar a sua barraca de ’Pastel da Maria’
Kuniko Yonaha, a Dona Maria, desde os 14 anos trabalha com pastéis. Por volta dos 22, ela passou a chamar a sua barraca de ’Pastel da Maria’
Foto: Divulgação


Kuniko veio com os pais para o Brasil em 1963. Mas até chegar ao hoje famoso 'Pastel da Maria', ela passou por percalços típicos de empreendedores que se forjam na experiência prática - aqueles que, sem terem instrução formal, testam empiricamente seus modelos de gestão e ideias de negócios.



Com 21 anos, depois de os pais decidirem voltar para o Japão e ela ter se casado pela primeira vez, se "voltou para o pastel", como diz. "Ainda era proibido vender pastel nas feiras de São Paulo. A prefeitura dizia que era perigoso por causa do uso de botijões de gás. A banca dos meus pais ficava em Taboão da Serra (na Região Metropolitana). Meu pai, cansado de lutar para que o seu trabalho fosse permitido na cidade, voltou desiludido para nosso país natal. Quando veio a liberação, resolvi apostar de novo naquilo que mais sabia fazer", conta.



Contudo, a primeira tentativa de retomada do negócio familiar não deu certo. Depois de 11 anos, separou-se do marido e vendeu a barraca para dividir o dinheiro com ele. "A época de casada foi muito difícil. Apesar de o negócio ser dos dois, eu trabalhava praticamente sozinha. Preparava os pastéis, dirigia a perua até a feira, fritava e vendia."



Cerca de um ano depois, já casada novamente, comprou uma nova barraca de pastel - é preciso ter licença da prefeitura para vender pastéis em feiras livres. "Meu marido possuía um mercadinho que tinha ido à falência. Não podíamos dar 'cabeçada' mais uma vez. Pegamos dinheiro emprestado e colocamos naquilo que eu tinha experiência", conta.



Kuniko, que os clientes tratam por Dona Maria, afirma que ao longo dos anos tentou apostar em outros empreendimentos - como um bar no estilo karaokê -, mas que sempre decidia focar apenas no pastel, mesmo sem saber explicar direito o motivo da escolha.



A consolidação definitiva do Pastel da Maria veio em 2009, com a vitória na premiação da prefeitura. A banca viu o número de fregueses aumentar - Kuniko se recusa a mencionar o faturamento ou número de unidades vendidas por dia, alegando que já foi assaltada e, por isso, prefere não atrair a atenção sobre ela.



O reconhecimento público teve efeitos práticos no negócio. Em 2010, foram abertas as atuais duas unidades físicas do Pastel da Maria. A primeira aconteceu "meio por acaso", como conta Kuniko. "Fazia os pastéis em casa, mas comecei a não dar conta por causa da demanda. Então, aluguei um salão no bairro da Casa Verde, que serve como fábrica. Na frente, coloquei uma banca de pastel. Não achei que a procura fosse ser tão grande", diz.



Depois, já mirando o modelo de franquias, Dona Maria foi aconselhada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) a abrir uma unidade piloto antes de franquear. Com isso, começou a operação na loja do bairro de Pinheiros.



A previsão é de que até o fim do ano serão inauguradas as primeiras franquias do Pastel da Maria. As unidades já têm endereço: a primeira - com abertura prevista ainda para este mês - na Barra Funda e a segunda, em Perdizes.



Hoje, Kuniko tem aproximadamente 40 funcionários. Aos 59 anos, finalmente ganhou o direito de escolher o dia em que trabalha. O negócio é gerido pelos quatro filhos, que contam com a ajuda de profissionais experientes.



Conselhos de Dona Maria para os empreendedores no início do negócio

Dedicação é a palavra de ordem de Kuniko. Mesmo passando por dificuldades, ela diz, sem se gabar, que nunca deixou de trabalhar duro. "Até hoje, os aventais de todo mundo que trabalha na feira são lavados na minha casa. Ninguém leva nada para sua casa. Patrão tem de estar perto do negócio", resume.

Nas palavras da Dona Maria também entram itens como "garra e amor pelo que se faz".

"Não é fácil. Nunca foi e ainda não é. Trabalhar com pastel é sacrificante: não tem final de semana, a preocupação com a qualidade é sempre muito grande. Mas graças a ele criei meus quatro filhos e, hoje, tenho algum conforto", afirma.

Ela também exalta que todo empreendedor deve estar disposto a correr riscos. "Corri riscos a minha vida toda. Apostei naquilo que sabia fazer mesmo quando a experiência anterior não tinha dado certo. Resolvi expandir o negócio em vez de me acomodar", explica.

Sobre as dificuldades, Kuniko diz que elas existem sempre e mudam conforme o negócio evolui. Agora, sua preocupação maior é com os funcionários e a rotatividade existente. "É sempre difícil satisfazê-los", diz ela.

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Especial para o Terra

Fonte: Terra
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