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Grãos terão rentabilidade em meio à crise, diz consultoria

17 out 2011 - 18h24
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Os grãos devem ter mais um ano de rentabilidade no Brasil em 2012, uma vez que a demanda por carnes entre os países emergentes deverá compensar a possível retração provocada pela crise econômica que atinge a Europa, prevê a consultoria Agroconsult.

Na avaliação da consultoria, a retração nas cotações de commodities no mercado internacional tem sido amenizada pela desvalorização do real e o que estará em foco nos próximos meses é o clima no Brasil e Argentina.

"Qualquer suspiro, daqui para frente será amplificado no mercado. Já que a safra nos Estados Unidos já não é uma novidade, com a colheita avançada, o foco do mercado vem para a América do Sul", disse o analista da Agroconsult, Marcos Rubin.

Ele acrescentou que, diante da possibilidade da incidência do La Niña, o mercado climático terá um peso muito forte nesta temporada, mas isso não implica necessariamente em ano de produtividade ruim. No ano passado, mesmo com a ocorrência do fenômeno climático, as lavouras tiveram produtividades elevadas.

"Mas como é algo que preocupa, vai se falar muito em torno dos efeitos potenciais do La Niña", disse.

A consultoria já trabalha com uma desaceleração ou até mesmo redução no consumo per capita de carnes em 2012, especialmente na Europa, o que afeta diretamente o consumo de grãos, uma vez que estes são usados na produção de ração. "Porém, o consumo continuará sustentado pelos países em desenvolvimento", apontou a consultoria.

Os custos maiores com insumos também devem afetar pouco a rentabilidade no próximo ano, de acordo com a Agroconsult, uma vez que os produtores conseguiram antecipar as compras e já contam com a maior parte do volume necessário para a atual temporada (2011/12).

Fundamentos

O documento aponta que os fundamentos para o milho são considerados de neutros a altistas em 2012, por conta da expectativa de redução de seis milhões nos estoques americanos no ciclo 2011/12 e a possível entrada da China, realizando mais compras.

Até o momento, os chineses já importaram 360 mil t.

A consultoria considera que a escassez de milho no mercado internacional deve oferecer suporte no plano interno, dando paridade de exportação para a commodity, mas pondera que no caso de uma grande safra no Brasil "pode haver um descolamento dos preços sobretudo na colheita".

Diante deste cenário de preços firmes, a Agroconsult ressalta que pela primeira vez são registrados volumes significativos de vendas antecipadas para a segunda safra de milho.

No caso da soja, os fundamentos são considerados neutros, pois ainda dependem do resultado das safras na América do Sul e os preços devem seguir bastante voláteis nos próximos quatro meses, período em que o clima tem forte influência sobre o mercado.

A Agroconsult alerta que não há espaço para quebras de safra. Rubin ressalva que mesmo que as safras da América do Sul venham dentro do esperado, há expectativa de redução dos estoques globais da oleaginosa, por conta da safra menor prevista para os Estados Unidos.

A comercialização da soja está avançada em várias regiões do País. Em Mato Grosso, o maior produtor da oleaginosa no Brasil, a consultoria considera que as vendas antecipadas já garantiram ao produtores locais o "break-even", o ponto de equilíbrio entre receita e despesas.

Acompanhamento da consultoria indica que nos meses em que a soja ficou acima de US$ 13, os produtores brasileiros conseguiram fechar negócios com preços cerca de 10% maiores do que no começo do ciclo anterior em média, com relatos de negócios acima de R$ 50 na região Sul e de R$ 40 no Centro-Oeste.

"É claro que o cenário incerto (na macroeconomia) preocupa, porque ele pode reduzir a expectativa de lucro do produtor", afirmou. "Mas do ponto de vista de custos, preços e expectativa de rentabilidade, a situação é confortável", concluiu o analista.

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